AULA DE FILOSOFIA
PARA OS 3º ANOS – PROFESSOR IGOR.
E.E. RITUCO MITANI.
Tema: A linguagem
e a língua como características que identificam a espécie humana.
O que nos
faz ser o que somos? O que distingue o ser humano? Essas perguntas já foram
feitas diversas vezes na história do mundo e, muito provavelmente, vocês já se
fizeram e discutiram entre si. E por que essas questões são relevantes para
nós? Respondo. Talvez seja pelo fato de serem perguntas que ajudam a entender
melhor quem somos – e por que não de onde viemos e para onde vamos? Fato é que
tudo isso se relaciona e muito com a filosofia. Vamos ver!
Será a linguagem
aquilo que nos faz ser o que somos?
Conforme aponta Aristóteles, o
ser humano é um ser de linguagem. O filósofo chegou mesmo a dizer que é a
linguagem que nos faz humanos, nos diferenciando dos outros animais. O filme Planeta dos macacos: a origem mostra
exatamente isso: um chimpanzé que recebe uma droga capaz de deixá-lo mais
inteligente dá um salto evolutivo quando aprende a falar. A primeira palavra
que pronuncia é “não!”, e em seguida inicia uma rebelião contra os humanos.
No conto
“Um relatório para uma academia” (1917), de Franz Kafka (1883 – 1924),
encontramos um relato similar. Um chimpanzé é capturado nas selvas da África e
posto numa jaula para ser levado de navio à Europa. Ele procura um modo de se
libertar, e logo percebe que a saída é imitar os humanos. Começa a fazer tudo o
que os vê fazerem: cospe no chão, bebe cachaça... Aos poucos, vai ficando cada
vez mais parecido com os humanos, que se divertem com ele. Até que aprende a
falar palavrões, sempre imitando aqueles que o mantinham preso. Ao chegar à
Europa, em vez de ser vendido a um zoológico, ele é vendido a um circo. E se
torna um artista de sucesso! Nas duas histórias, animais tornam-se humanos
quando aprendem a falar como nós.
É evidente
que os animais se comunicam entre si. As abelhas, por exemplo, são capazes de
informar umas às outras onde há néctar. E também há comunicação entre os
humanos e outras espécies. Existem várias pesquisas que indicam que animais
como chimpanzés e cachorros são capazes de reconhecer palavras e expressões
humanas. Mas, ainda assim, apenas os humanos se comunicam por meio de uma
linguagem articulada.
O que
diferencia nossa linguagem da forma de comunicação dos outros animais e como
ela faz com que sejamos humanos?
A linguagem verbal:
um sistema simbólico
A linguagem humana se baseia em
palavras (a princípio, palavras orais – sons articulados; depois, também
palavras escritas – representações gráficas desses sons ou ideias), que são
organizadas em frases e em conjuntos de frases. Simplificadamente, podemos
dizer que a linguagem verbal é um sistema simbólico. Por meio desse sistema,
nos comunicamos, expressado nossos sentimentos, nossas impressões do mundo,
pedimos ajuda, damos ordens. A linguagem verbal é também matéria-prima para
várias formas de expressão artística.
As palavras
que compõem qualquer língua humana são símbolos
, isto é, formas de representar alguma coisa, seja um objeto, seja uma
ação. A palavra cadeira, por exemplo, é um símbolo que representa um objeto
usado para sentar. A palavra comer é um símbolo que representa o ato de nos alimentarmos.
O símbolo representa alguma coisa por convenção.
Isso quer dizer que as pessoas, ao criarem uma palavra, combinam entre si que
aquele objeto com espaldar, usado para sentar, será chamado cadeira (caso trate da língua
portuguesa), chair (em inglês), chaise (francês), silla (espanhol), e assim por diante. Cada uma dessas palavras
aqui escritas possui um correspondente oral. De fato, as palavras escritas
formam um conjunto de símbolos gráficos criados com base em nossa fala, que é
um conjunto de símbolos orais.
É por meio
desses sistemas simbólicos que nos comunicamos e podemos levar uma vida em
comum com outras pessoas. Arnaldo Antunes (1960-) brinca com essas convenções
na canção a seguir:
Nome não
os nomes dos bichos não são os bichos
os bichos são:
macaco gato peixe cavalo
macaco gato peixe cavalo
vaca elefante baleia galinha
os bichos são:
macaco gato peixe cavalo
macaco gato peixe cavalo
vaca elefante baleia galinha
os nomes das cores não são as cores
as cores são:
preto azul amarelo verde vermelho marrom
as cores são:
preto azul amarelo verde vermelho marrom
os nomes dos sons não são os sons
os sons são
os sons são
só os bichos são bichos
só as cores são cores
só os sons são
som são, som são
nome não, nome não
nome não, nome não
só as cores são cores
só os sons são
som são, som são
nome não, nome não
nome não, nome não
os nomes dos bichos não são os bichos
os bichos são:
plástico pedra pelúcia ferro
plástico pedra pelúcia ferro
madeira cristal porcelana papel
os bichos são:
plástico pedra pelúcia ferro
plástico pedra pelúcia ferro
madeira cristal porcelana papel
os nomes das cores não são as cores
as cores são:
tinta cabelo cinema sol arco-íris tevê
as cores são:
tinta cabelo cinema sol arco-íris tevê
os nomes dos sons não são os sons
os sons são
os sons são
só os bichos são bichos
só as cores são cores
só os sons são
som são, nome não
nome não, nome não
nome não, nome não
só as cores são cores
só os sons são
som são, nome não
nome não, nome não
nome não, nome não
ANTUNES,
Arnaldo. Nome não. In: Nome (CD).
BMG, 1993.
ATIVIDADE:
1)
De acordo com o texto, o que distingue o ser
humano dos outros animais? Você concorda com essa ideia? Justifique.
2)
Embora os demais animais se comuniquem entre
si, por que a comunicação humana é diferente? Explique.
3)
Qual é a relação da música Nome não, de Arnaldo Antunes, com as ideias abordadas no texto?
REFERÊNCIAS:
GALLO, Silvio.
Filosofia: experiência do pensamento. Volume único, 2ª edição. São Paulo,
Scipione, 2016.
Precisa copiar o texto no caderno? Ou só as perguntas?
ResponderExcluirAPENAS AS PERGUNTAS E RESPOSTAS.
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